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Mike Rutherford


Um dos nomes mai ilustres da linhagem progressiva do rock londrino é o Genesis.
Hoje, uma mera banda 'istrictely commercial pop', porém outrora, um grupo que foi capaz de criar uma música de alta personalidade, trabalhando as sessões das músicas como camadas de um quadro a óleo.
Analisando friamente, o Genesis pode ser visto como um grupo que trabalhava a música incidental para os monólogos de um garoto chamado Peter Gabriel. Tanto que, no começo, Gabriel tomava o palco com suas fantasias e personagens enquanto a banda permanecia sentada, em segundo plano.
Daí, podemos ter uma idéia do meticuloso trabalho destes músicos que criavam verdadeiras texturas sonoras, provendo o ambiente ideal para as histórias e divagações do pequeno-grande Gabriel.

O Genesis, no seu auge, que vai de '70 a '74, era formado por Peter Gabriel (vocal), Tony Banks (teclado, violao), Steve Hackket (guitarra, violão), Phil Collins (bateria, vocal) e Mike Rutherford (baixo, guitarra, violao, bass pedal).
Apesar do guitarrista principal ser o grande Steve Hackket, quem nos chama a atenção aqui é Mike Rutherford.
Inicialmente guitarrista, Mike passou para o baixo após a entrada de Hackket, melhor solista. No entanto, Mike, guitarrista que era, nunca encarou o baixo como um baixista e assim acabou dando uma nova cara ao instrumento. Suas linhas são belas. E toda a proposta 'art rock' desenvolvida pela banda, permitia que o baixo de Mike Rutherford viajasse pela harmonia com melodias que mais pareciam uma segunda voz, em conversação com as letras de Gabriel.


No Genesis, havia um problema técnico. A troca de instrumentos. Era muito comum a música começar com baixo, guitarra e teclado. De repente entrava numa sessão de violao de 6 cordas, violão de doze e guitarra. Daí, 3 violões de doze. Algumas vezes, tudo isso numa só música.
Mike era o que mais se apertava e começou a variar.

Fã dos baixos Rickenbacker 4001, Mike conseguiu um modelo 'double-neck' que mesclava um baixo 4001 com uma guitarra de doze cordas. Este passou a ser seu instrumento principal no palco, junto com um Moog Bass Pedal, uma pequena pedaleira de orgão, uma oitava. Muito usada em palco nos anos 70, por guitarristas e baixistas que precisavam somar graves fundamentais a sua execução.


Ainda que Mike se sentisse confortável com som de seus Rickenbacker, ele ainda procurava por algo diferente. O guitarrista-baixista buscava a versatilidade acima de tudo.

 

 


Um 'custom made' não lhe parecia má idéia, e foi mais ou menos isso que lhe apareceu.

Por volta de 1976, época em que Peter Gabriel já arquitetava sua retirada da banda, Mike experimentou uma guitarra de doze cordas da pequena marca inglesa Shergold. O músico ficou realmente impressionado com o instrumento que resolveu dar pulo até a oficina da Shergold. Lá, experimentou um baixo e gostou. O timbre se assemelhava a seus Rickenbacker e, para Mike, era bem mais confortável.
Como o interesse de Mike eram as 'double-necks', ele logo quis saber sobre a possibilidade da Shergold lhe construir um modelo com a mesma configuração de seus Rickenbacker.


A resposta veio não só com uma 'double-neck' mas com guitarras modulares.
Isso mesmo, era só escolher as combinações e montar seu próprio instrumento.
Na verdade, as Shergold Modulator funcionavam da seguinte maneira: Mike Rutherford havia primeiramente adquirido uma Shergold de doze cordas. Nesta guitarra, a parte de baixo do corpo era destacável., o que permitia o músico retirar essa parte inferior e conectar a guitarra numa outra Shergold em que a parte destacável fosse a superior do corpo.
Assim, Mike podia obter a combinação que quisesse.
De acordo com os arquivos da Shergold, Mike Rutherford adquiriu ao todo quatro modulos,
dois baixos e duas guitarras. O modelo que ficou famoso em suas mãos foi a configuração guitarra de doze no braço superior, baixo no inferior.


A Shergold começou e terminou junto com os anos 70, assim é realmente difícil de se conseguir informações técnicas sobre os instrumentos.
Poucos modelos foram fabricados e menos ainda chegaram aos dias atuais, estes poucos, provavelmente nas mãos de genesismaníacos de plantão.


Contudo, é um belo instrumento, muito interessante, raro e nunca teríamos tido ciência de sua existência se não tivesse girado o mundo nas mãos deste grande músico.

Ouça Mike Rutherford dedilhando seus módulos Shergold no álbum ao vivo do Genesis 'Seconds Out' de 1977.

 

Um abraço,
Alexandre Calamari

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